domingo, 30 de agosto de 2009

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É curioso como não sei dizer quem sou.
Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente, também sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca mas há poucas coisas de que eu me lembre. Também tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo. Na verdade a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais.
E enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever.


por Clarice Lispecto
r.

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